A 9 de junho foi inaugurado em Timor Leste o Laboratório Professor Doutor Henrique Curado, o primeiro laboratório de análises clínicas do suco de Memo, na diocese de Maliana, município de Bobonaro.
A nova estrutura, que recebeu o nome do jurista e professor doutor português que trabalhou em Timor, foi instalada no edifício da Clínica Madre Celina dos Santos e representará um reforço significativo nos cuidados de saúde prestados à população local.
A cerimónia de inauguração contou com a presença da Ministra da Saúde de Timor-Leste, Dra. Élia dos Reis Amaral, e de representantes das entidades civis religiosas locais.
Também presente na cerimónia inaugural e agora de regresso a Portugal, a superiora-geral das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima, a irmã Armandina Neto, expressa a gratidão da congregação religiosa às entidades públicas e privadas e aos benfeitores, portugueses e timorenses, que possibilitaram e contribuíram para a concretização do projeto.
“Em Timor muitas vezes temos de trabalhar ao contrário: criamos primeiro as estruturas físicas e conseguimos os equipamentos necessários e só depois conseguimos da parte das entidades os profissionais para os serviços respetivos, mas o importante é que sempre vamos conseguindo”, refere a irmã Armandina.
A congregação conta atualmente com três religiosas portuguesas em missão em Memo, ao serviço de dois projetos principais: a Clínica Madre Celina dos Santos, inaugurada em julho de 2020, e o Centro Social Padre Manuel Nunes Formigão (CS PMNF), a trabalhar na área da educação e da pastoral há dez anos.
A clínica, com protocolo estabelecido com o Governo timorense, trabalha em várias áreas da saúde e conta com equipa médica e de enfermagem local, além do serviço de voluntários. A congregação, sob a coordenação da irmã Cristina Macrino, enfermeira, faz ainda serviço de ambulatório.
“Tem sido fundamental a generosidade de médicos e outros profissionais de saúde voluntários, sobretudo de portugueses, mas não só; ainda recentemente lá tivemos uma médica italiana a colaborar conosco”, destaca a irmã Armandina.
No momento inaugural, a irmã Cristina Macrino, diretora da Clinica, - discurso na ìntegra abaixo - lembrou: "Parece nos muito importante agradecer e valorizar o muito e o pouco e nunca o esquecermos no tempo futuro".
Timor Leste, um país cheio de desafios
Apesar do entusiasmo e dedicação, os desafios na missão em Timor permanecem, assim como permanecem os desafios da população local.
A superiora-geral das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima destaca a precariedade das infraestruturas rodoviárias como um entrave ao desenvolvimento. “Imagine um problema de saúde grave. Mesmo que conseguíssemos uma ambulância, os caminhos são impraticáveis. Uma viagem equivalente a Lisboa-Porto pode demorar mais de quatro horas. E, como na saúde, outros aspetos da vida das pessoas são prejudicados pelas dificuldades de deslocação de pessoas e bens”, lamenta a irmã Armandina Neto.
“Estou muito agradecida às irmãs que temos em missão em Timor: a irmã Cristina Macrino, que é incansável, e a irmã Rosa Ribeiro, são portuguesas, a irmã Saviana Samaque é moçambicana. São as três muito dedicadas e a população gosta muito delas. Temos neste momento em Portugal jovens timorenses que depois da formação religiosa e profissional poderão vir a ser enviadas para Timor. É nosso objetivo que as populações locais beneficiem e participem ativamente nos projetos”, sublinha a irmã Armandina Neto.