Na tarde de 11 de outubro, com casa cheia, foi apresentado na Escola Jacinta Marto, em Fátima, o livro «O que o coração une o mar não separa».

A obra reúne um conjunto de testemunhos de voluntários portugueses de diferentes idades, origens e profissões, que ao longo de dez anos, entre 2015 e 2025, serviram na missão das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima na diocese de Maliana, em Timor-Leste.

O encontro em Fátima foi presidido pela embaixadora de Timor-Leste em Lisboa, Isabel Guterres, que desde sempre tem acompanhado a obra da congregação em Timor, inicialmente como ministra da Solidariedade Social do Governo timorense.

“O título deste livro - O que o coração une o mar não separa – traduz com perfeição a ligação entre os nossos povos. A distância geográfica entre Fátima/Portugal e Maliana/Timor é imensa, mas a fé, a solidariedade e o amor cristão tornam-nos próximos, como membros de uma mesma família”, disse a embaixadora, ao expressar “em nome do Governo de Timor-Leste o reconhecimento e gratidão às Irmãs Reparadoras e a todos os voluntários”.

A apresentação da obra, editada pela Fundação Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima em Timor, transformou-se numa festa de reencontro e alegria entre voluntários, familiares e a congregação religiosa e muitos amigos que se juntaram. Alguns dos testemunhos publicados no livro foram ali partilhados em viva voz, uma vez que muitos voluntários marcaram presença no evento.

Sara Meireles, também voluntária, apresentou o livro. Começou por afirmar que “não é possível ficar indiferente” ao projeto das Irmãs Reparadoras em Timor elogiando “a fé, a coragem e o espírito de entusiasmo” das religiosas.

A professora fez um percurso de memória desde “a casinha de bonecas” que foi inicialmente confiada à congregação até “ao projeto agora erguido”, composto pelo Centro Social Padre Manuel Nunes Formigão, Clínica Madre Celina dos Santos e o Laboratório de Análises Clínicas  Professor Doutor Henrique Curado, que também esteve em Fátima no lançamento do livro. Sobre os testemunhos publicados, referiu que “se entrelaçam uns nos outros”, e “são de quem viveu a experiência e de quem se deixou transformar”.

Os vários depoimentos publicados no livro revelam um sentimento comum de gratidão pela oportunidade de viver a experiência missionária em Timor-Leste.

Entre outros, partilharam as suas histórias a enfermeira Joana Gonçalves, que afirmou ter "recebido de Deus a vontade de meter os conhecimentos de enfermagem ao serviço do povo de Timor”; o médico André Rodrigues, que após o internato participou em dois projetos de voluntariado em Timor, um deles o das Irmãs Reparadoras, que lhe permitiram compreender, no exercício da medicina, a importância de “tratar as pessoas como pessoas”; e a professora Filomena Amorim, que destacou: “Nós recebemos muito mais do que aquilo que damos”.

Coube à irmã Cristina Macrino, presidente da Fundação Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima em Timor, agradecer de forma calorosa aos 45 voluntários (44 portugueses e 1 chinesa) que passaram por Timor e às entidades e pessoas que tornaram possível a publicação da obra, com destaque para a Associação Mercado dos Santos e a Associação Gira Catavento — esta última nascida precisamente da experiência da jovem Adriana Mamede após o seu voluntariado em Timor.

“A missão impactou-me tanto que fundei a GiraCatavento, tendo deixado o rumo que levava”, partilhou, referindo-se à sua formação em bioquímica e biociências. A associação desenvolve atividades educativas e recreativas em Timor-Leste, nas áreas do ensino da língua portuguesa e do desenvolvimento cognitivo de crianças e jovens.

A irmã Cristina Macrino agradeceu também ao Governo timorense e a todos quantos “movidos pelo Evangelho dedicaram as suas vidas ao povo timorense (…) que aprendeu ao longo da sua história que a esperança faz ultrapassar todo e qualquer sofrimento”.

Sobre os “dez anos de voluntariado amoroso”, com Timor a transformar-se “no lar espiritual” das três religiosas em missão, a irmã Cristina Macrino partilhou a emoção de ver reconhecido o trabalho da congregação e a alegria de servir e viver junto da população.

A superiora geral das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima, irmã Armandina Neto, deixou igualmente palavras de gratidão a todos “quantos, uns mais do que outros, ofereceram o seu serviço à nossa missão em Maliana”. Recordou as duas religiosas que ficaram em Timor, não estando por isso presentes na sessão de apresentação em Fátima, e ao povo de Timor-Leste. “É impossível esquecer o povo de Timor-Leste, sempre tão agradecido, ao mínimo gesto”, acrescentou, destacando ainda a beleza do país.

Maria Ângela Carrascalão, antiga ministra da Justiça de Timor-Leste e atualmente embaixadora de Timor Leste no Brasil, fez chegar uma mensagem escrita, lida aos presentes, também de agradecimento pelo projeto da congregação em Timor e, em especial, à irmã Cristina, “que fez de Timor Leste a sua casa”, “procurando sempre o melhor para servir o próximo e o próximo é o povo”.

A sessão de apresentação do livro foi animada musicalmente pelo violinista Tiago Abreu e terminou com um lanche-convívio.